Diante da Perícia Criminal, a PF prende quatro suspeitos de hackear Moro e Dallagnol
A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta terça-feira (23), quatro pessoas sob suspeitas de terem invadido telefones de autoridades, incluindo o ministro da Justiça, Sérgio Moro, e o procurador da República em Curitba (PR) Deltan Dallagnol. A PF não divulgou detalhes da investigação. Foram cumpridas 11 ordens judiciais, das quais sete de busca e apreensão e quatro de prisão temporária no estado de São Paulo, nas cidades de São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto. A operação se chama Spoofing. Segundo a PF, spoofing “é um tipo de falsificação tecnológica que procura enganar uma rede ou uma pessoa fazendo-a acreditar que a fonte de uma informação é confiável quando, na realidade, não é”. A reportagem apurou que a PF chegou aos suspeitos por meio da perícia criminal federal, que conseguiu rastrear os sinais do ataque aos telefones. Para investigadores, o grau de capacidade técnica dos hackers não era alto. A investigação, segundo a reportagem apurou, ainda não conseguiu estabelecer com exatidão se o grupo sob investigação em São Paulo tem ligação com o pacote de mensagens privadas dos procuradores da Lava Jato obtido pelo site The Intercept Brasil. Uma possível relação entre os dois assuntos não foi confirmada oficialmente pela PF. Segundo o órgão, “as investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados”. As ordens judiciais foram expedidas pelo juiz federal de Brasília Vallisney de Souza Oliveira. O delegado da PF à frente do caso é Luís Flávio Zampronha, que em 2005 e 2006 presidiu o inquérito policial que apurou o escândalo do mensalão. O inquérito em curso foi aberto em Brasília para apurar o ataque a aparelhos de Moro, do desembargador Abel Braga, relator da Lava Jato no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), do juiz federal no Rio Flávio Lucas e dos delegados da PF em São Paulo Rafael Fernandes e Flávio Reis. O caso de autoridades da Lava Jato em Curitiba está sendo tratado em inquérito aberto pela Polícia Federal no Paraná. Em junho, Moro esteve na Comissão de Constituição e Justiça do Senado para dar explicações sobre sua atuação como juiz da Lava Jato em face das revelações feitas pelo Intercept. Durante a sessão, o ministro deu detalhes do ataque hacker de que foi vítima. Afirmou que, em 4 de junho, por volta das 18h, seu próprio número o telefonou três vezes. Segundo a Polícia Federal, os invasores não roubaram dados do aparelho do ministro – apenas o procurador Deltan Dallagnol teve informações captadas durante o ataque que sofreu. Moro afirmou ainda que deixou de usar o Telegram, de onde as mensagens vazadas foram extraídas, em 2017, quando houve notícias de ataques hackers nas eleições dos Estados Unidos e ele começou a desconfiar da segurança do aplicativo, que tem origem russa. O ministro diz que apagou o aplicativo Telegram de seu aparelho e que não tem mais os arquivos das conversas.
Fonte: Jornal do Comércio